A pandemia acelerou a adesão às novas ferramentas tecnológicas no ambiente corporativo. Empresas que iniciaram o processo neste ano, agora precisam acompanhar a evolução para não ficarem obsoletas.

O isolamento social exigiu agilidade das empresas na adaptação dos modelos de negócios e na reconfiguração dos processos internos. Varejistas que ainda não tinham soluções de atendimento online tiveram que migrar rapidamente suas lojas para o digital. Da mesma forma, organizações impedidas de reunir equipes precisaram implantar o trabalho remoto de uma hora para a outra. Em muitos empreendimentos, esses foram os primeiros passos rumo à transformação digital.

Longe de ser uma novidade, essa transição já estava em curso, mas foi tão intensificada que não há mais como retroceder. “A transformação digital é uma estratégia irreversível porque, pela internet, é possível apresentar uma empresa, os seus produtos ou serviços, vendê-los, assegurar o melhor pós-venda, etc.”, pontua o sócio-diretor na Neotix Transformação Digital, Fernando Rizzatti.

O especialista explica que, passada a adoção inicial de novas tecnologias, é preciso rever prioridades e sanar possíveis falhas decorrentes de improvisos na etapa inicial. “Para que se possa corrigir as soluções paliativas, existe a necessidade de se aplicar planejamento, metodologia e, sobretudo, necessidade de prazo técnico exigido para a construção de plataformas definitivas”.

A empresa que não tinha um e-commerce e começou a vender pelo WhatsApp, por exemplo, agora tem de escolher, entre as várias possibilidades, a melhor solução de longo prazo para o desenvolvimento de um canal de vendas oficial e eficiente, alinhado aos seus propósitos e às expectativas dos clientes.

“A tecnologia é o meio, e não o fim, porque, se não resolve os problemas e desafios dos negócios, é uma ferramenta dispensável”, argumenta Rizzatti. “A avaliação principal a ser feita diz respeito ao negócio e suas necessidades estratégicas e operacionais, com profissionais capacitados e formados na área técnica, capazes de indicar as melhores soluções tecnológicas para resolver esses problemas e desafios”.

Atenção às regras e aos processos

Empresas que iniciaram o processo de transformação digital terão de redobrar sua atenção quanto aos rígidos controles de privacidade das informações exigidos pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Esse ponto, que pode ter passado despercebido no primeiro momento, precisa ser corrigido com urgência, pois a norma já está em vigor, embora as penalidades nela previstas só possam ser aplicadas a partir de agosto.

“Agora, o mais importante é estabelecer processos”, sugere a professora da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Pollyana Notargiacomo. “É o momento de fazer um estudo dos processos da empresa e verificar o quanto a mudança impacta a operação como um todo. Planificar como eram os processos, entender o que precisa mudar e, depois, avaliar o investimento”, recomenda, sobre a definição de prioridades dos aportes que deverão ser feitos na área.

É preciso considerar, ainda, a necessidade de preparação e treinamento dos funcionários. “A automação pode, inclusive, demonstrar se é preciso, ou possível, reduzir custos com folha de pagamento. Da mesma forma, deve-se avaliar as necessidades de realocar pessoas e as adaptações requeridas destas, as quais devem ser supridas por processos internos de formação contínua”. Fato é que as empresas não podem mais desconsiderar a importância dos canais digitais para interagir com seus clientes. “O consumidor se adaptou às compras online”, sustenta a especialista.

A constatação leva à necessidade de planejar novas formas de atrair e interagir com o público. Ou seja, as empresas precisaram investir em presença digital para se manterem competitivas. Daí, vem a necessidade de incorporar, também, soluções em marketing digital.

Para médias e pequenas empresas, é possível investir em soluções alinhadas ao porte da organização. “Muitas vezes, não é necessário comprar a infraestrutura pronta, com isso, se barateia substancialmente a solução. É um custo menor do que ter a infraestrutura completa dentro da empresa”, comenta Notargiacomo.