Grupo formado por empresas e entidades empresariais define recomendações para as negociações climáticas em oito eixos temáticos; iniciativa busca fortalecer compromissos com as metas globais

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025, a COP30, em Belém, não será apenas um encontro de governos para discutir metas climáticas globais. As empresas também terão papel relevante no evento. O setor privado organiza sua participação por meio da SB COP (Sustainable Business COP), iniciativa liderada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para consolidar a contribuição empresarial às negociações climáticas.

“Queremos que o maior número possível de empresas esteja preparado para entender e responder aos desafios e oportunidades que a COP30 trará”, explica Davi Bomtempo, superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI. Para isso, foram estruturados oito grupos temáticos: transição energética; economia circular e materiais; bioeconomia; sistemas alimentares; soluções baseadas na natureza; cidades sustentáveis; finanças e investimentos para a transição; e empregos e habilidades verdes.

Cada grupo deverá elaborar até três recomendações relacionadas às negociações que ocorrerão durante a COP30. Bomtempo esclarece que os trabalhos estão em fase avançada e que as empresas têm discutido a melhor forma de endossar as sugestões apresentadas.

“Estamos construindo recomendações concretas, alinhadas às ambições climáticas globais, além de reunir casos de sucesso do setor empresarial”. Os projetos bem-sucedidos da iniciativa privada serão levados com foco em representar compromissos já estabelecidos em relação às metas climáticas.

O grupo também tem se articulado para promover a participação das pequenas e médias empresas (PMEs). “Queremos garantir que esses negócios tenham espaço para se conectar com grandes empresas e com investidores, inclusive em eventos da SB COP. A ideia é mostrar que a sustentabilidade também representa uma oportunidade para as PMEs crescerem de forma estratégica e competitiva”, reforça Bomtempo.

Inovação e transformação produtiva

Para o gerente executivo de Meio Ambiente do Pacto Global – Rede Brasil, Rubens Filho, a participação do setor privado é essencial para garantir a concretização das metas estabelecidas pela COP. “A transição para uma economia de baixo carbono exige inovação, investimento em larga escala e transformação de cadeias produtivas, áreas em que as empresas têm papel central”, justifica. O Pacto Global é vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU), e a representação brasileira é a segunda maior rede local do mundo com mais de dois mil participantes e 60 projetos em andamento no País.

“Empresas brasileiras e internacionais são esperadas como parceiras estratégicas na descarbonização de setores-chave, como energia, transporte e agricultura”, acrescenta Filho. A expectativa é que o setor produtivo traga contribuições concretas em questões relacionadas às metas de redução de emissões alinhadas à ciência, investimentos em energias renováveis, adoção de práticas regenerativas na Amazônia e apoio à transição justa, garantindo que comunidades locais sejam beneficiadas.

“A COP 30 tem uma oportunidade histórica de ser uma conferência inclusiva, especialmente por ser sediada no coração da Amazônia”, avalia Filho. “A conferência pode catalisar uma nova parceria entre Estado, empresas e comunidades, com modelos de financiamento sustentável, cadeias produtivas regenerativas e políticas públicas que recompensem a conservação”.

A iniciativa empresarial, segundo ele, precisa ir além da declaração de intenções. “É fundamental superar o greenwashing e adotar padrões reconhecidos de reporte com monitoramento independente e transparência contínua”, ressalta. O Pacto Global – Rede Brasil recomenda, em especial, o GRI (Global Reporting Initiative, Iniciativa Global de Relatórios), o TCFD (Task Force on Climate-related Financial Disclosures, Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima) e o IFRS S2 (International Financial Reporting Standard S2, Norma Internacional de Relato Financeiro sobre Sustentabilidade, nº 2), para assegurar transparência, comparabilidade e credibilidade na comunicação de compromissos e resultados.