Para transformar metas em ação é preciso ter planejamento, clareza nos indicadores e compromisso com entregas que contribuam, de forma concreta, para o desempenho e a evolução do negócio

A gestão por resultados tem um ponto de partida claro: alinhar ações e equipes a metas mensuráveis e conectadas aos objetivos do negócio. Essa metodologia gerencial é vista como caminho para um ganho significativo de eficiência, mas muitas empresas ainda não entendem com clareza como aplicá-la no dia a dia.

O primeiro passo é saber qual resultado a empresa quer atingir. E essa resposta deve estar no planejamento estratégico. “Um modelo usado é o Balanced Scorecard (BSC), que define objetivos e os mede com indicadores de resultado”, comenta o professor do curso de Gestão por Resultado e Indicadores de Desempenho da Fundação Vanzolini, Paulino Graciano. A partir daí, os objetivos são detalhados por área e equipe.

Apesar de parecer simples na teoria, a implementação encontra alguns obstáculos. “Três barreiras são comuns, principalmente em empresas de pequeno e médio porte”, aponta o coordenador do Grupo de Excelência em Administração Estratégica de Pessoas e Tecnologias (Geape Tech), do Conselho Regional de Administração de São Paulo (CRA-SP), Rogério Parente.

A primeira, segundo Parente, é a cultura reativa, em que a equipe não está acostumada a trabalhar com metas claras. A segunda é a falta de estrutura, de tempo, de tecnologia ou de pessoal. E a terceira é o desalinhamento estratégico: metas sem um direcionamento claro acabam sendo apenas números soltos.

Metodologias que se destacam

Para organizar a gestão por resultados, alguns métodos se destacam. O OKR (Objectives and Key Results) traz ritmo de trabalho e foco, com objetivos claros e resultados mensuráveis. Já o BSC é útil para empresas que desejam uma visão mais abrangente do negócio.

A gestão por KPIs (indicadores-chave de desempenho) funciona bem em ambientes que buscam simplicidade. Mas Parente alerta: “Cuidado com indicadores de vaidade, aqueles que brilham, mas não entregam valor, como curtidas em redes sociais ou acessos ao site que não viram vendas ou redução de custo”.

Modelos ágeis, como Scrum e Kanban, são úteis para empresas digitais ou com times multidisciplinares, porque permitem organizar tarefas em ciclos curtos, priorizar entregas e adaptar o trabalho conforme a necessidade.

Outra possibilidade são os contratos de gestão, usados para formalizar metas entre áreas, especialmente em empresas maiores ou no setor público. O ponto comum entre essas metodologias é o foco em resultados concretos, acompanhamento sistemático e decisões baseadas em dados.

Mais importante do que a abordagem escolhida é garantir que as metas estejam bem distribuídas e que os indicadores sejam claros. “O indicador esclarece o que se espera de cada um. Se ele não estiver bem definido, cada gestor pode interpretá-lo de um jeito”, observa Graciano.

Ele orienta, ainda, que o excesso de indicadores também é um erro. “Quanto menor o número de indicadores, mais claro fica para o gestor onde ele precisa focar”.

Ação, revisão e correção

Para micro e pequenas empresas, começar do básico é essencial. Boas práticas incluem estabelecer metas Smart (específicas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e com prazo definido), dividir grandes objetivos entre equipes e pessoas e usar ferramentas acessíveis, como planilhas e painéis visuais, para o acompanhamento.
Também é importante manter o compromisso com resultados, mesmo que os caminhos precisem ser ajustados ao longo do tempo. Para que isso aconteça, é fundamental que o desempenho dos colaboradores seja reconhecido.

Graciano explica que quando se implementa um sistema de gestão por resultados, é natural que os profissionais se perguntem: “O que eu ganho se atingir?” e “O que eu perco se não atingir?”. Sem reconhecimento financeiro, como a PLR, ou simbólico, como oportunidades de crescimento, a prática pode virar burocracia.

Independentemente do porte do negócio, o impacto efetivo nasce do alinhamento contínuo e integrado entre estratégia, metas e execução. “Resultados sólidos vêm de ciclos curtos de ação, revisão e correção. Não se trata de perfeição, mas de progresso constante”, conclui Parente.