O online foi a grande vitrine para negócios de todos os segmentos em 2020. Empresas que fortaleceram a presença digital devido ao distanciamento social agora precisam qualificar ainda mais essas ações.
O marketing digital atingiu um novo patamar no último ano. Com lojas e escritórios impedidos de abrir em função da Covid-19, o online se tornou o principal canal de vendas. “Todo mundo foi pego de surpresa e saiu correndo para o ambiente online, só que sem uma coisa fundamental: planejamento”, comenta o diretor da Academia do Marketing, Alberto Valle.
“Muitas empresas começaram a fazer marketing digital de forma improvisada, e toda vez que você não planeja marketing digital, está jogando dinheiro fora”, afirma. “Não é só criar o anúncio. Isso tem que ser pensado estrategicamente”. Embora muitas iniciativas possam ser colocadas em prática de forma simples, como a publicação de um anúncio por meio da plataforma Google Ads, o desconhecimento sobre recursos e segmentação da campanha compromete os resultados. Sem familiaridade com o mecanismo, o proprietário de uma pizzaria de Curitiba pode fazer com que a publicidade seja exibida para um internauta em Fortaleza.
Valle pondera, entretanto, que mesmo as iniciativas mais simples e improvisadas podem gerar algum retorno. “Muitas pessoas tinham resistência em investir no marketing digital. Em 2020, foram para o online e gostaram, pois, pelo menos, deu para pagar as contas no final do mês. Só que, agora, o objetivo é mais do que pagar conta: é ganhar dinheiro de verdade. Mas, no improviso, não vai dar”.
Em 2021, as empresas vão começar a buscar estratégias mais sofisticadas, migrando dos recursos mais simples oferecidos pelas plataformas digitais para os mais complexos. Ou seja, a aplicação de inteligência analítica será maior. “É preciso se profissionalizar. Será necessário aprender a segmentar campanhas e a fazer um plano de marketing digital”, orienta.
Maior alcance
“Um dado importante provindo de uma pesquisa da Visa antes mesmo da pandemia é que 61% dos consumidores planejam aumentar suas compras na internet nos próximos cinco anos, enquanto 78% planejam diminuir ou manter as compras em lojas físicas”, demonstra o diretor de Data & Digital Performance na REF+, Weverton Guedes. “A pandemia com certeza aumentou a urgência dos negócios se digitalizarem”.
A questão é como fazer com que a presença digital traga resultados reais para o negócio. Guedes esclarece que o marketing digital deve ser complementar a outras ações convencionais de marketing. “Ambas as estratégias devem trabalhar em sinergia e de forma coordenada, integrando os diversos canais disponíveis”, resume.
“Nunca se esqueça de que seu consumidor não é online ou offline, ele consome informação e é influenciado por todos os meios. Por isso, você deve entender a função de cada canal em seu ambiente”.
Para colocar em prática, é preciso ter um bom planejamento estratégico. “Não saia criando perfis em rede sociais e veiculando anúncios no Google sem antes definir quais são os objetivos a serem atingidos, qual é o seu público-alvo, quem é a sua persona (perfil de cliente ideal), quais são os canais mais adequados para sua estratégia, qual é o orçamento disponível para essas ações e como você vai monitorar os resultados”, aconselha.
Dependendo do segmento da empresa, é necessário ir além do anúncio e ampliar o investimento em produção de conteúdo qualificado. É o caso do setor de serviços, que requer mais argumentação para fisgar o cliente. Essas estratégias passam pelo marketing de atração (inbound marketing) e pelo marketing de conteúdo, que recorrem à informação aprofundada para despertar a curiosidade, esclarecer dúvidas e converter pessoas interessadas no serviço em clientes.
Além de aprimorar as ações digitais, as empresas também precisam estar atentas à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), lembra Guedes. “Há três áreas da regulação, acredito, que devam chamar a atenção de todo profissional de marketing: consentimento, direitos dos titulares dos dados e princípios do tratamento de dados”. Ao definir as ações ou contratar prestadores de serviços em marketing digital, é fundamental observar se a LGPD está sendo respeitada.