Ao comprar energia de terceiros, empresas conseguem reduzir os custos de consumo em até 35% e podem optar por utilizar fontes energéticas renováveis, alinhando a decisão às boas práticas ambientais

O mercado livre de energia é um sistema de contratação que permite aos consumidores escolherem seus fornecedores de energia elétrica, o que resulta em produtos e serviços com custos reduzidos quando comparados ao fornecimento convencional (realizado pelas distribuidoras). Segundo o presidente-executivo da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Rodrigo Ferreira, há uma série de fatores que levam à economia nesse formato que não se limitam à concorrência entre as empresas.

Embora a disputa pelo consumidor seja um aspecto relevante para a competitividade das tarifas, as próprias características do mercado regulado levam a uma estrutura de custos mais elevada. Isso decorre, por exemplo, da indexação dos contratos, de reservas de mercado e da contratação de fontes mais caras, entre outros pontos.

Na prática, as fornecedoras que participam do segmento livre conseguem oferecer preços até 35% mais baixos na comparação com o sistema tradicional, a depender do perfil do consumidor e da região. De acordo com dados da Abraceel, em 2022, o mercado livre de energia proporcionou uma economia recorde de R$ 41 bilhões aos consumidores que contratam energia nesse modelo. Os ganhos acumulados já chegam a R$ 339 bilhões.

“Atualmente, todos os consumidores de energia elétrica em média e alta tensão, agrupados no Grupo A (202 mil unidades consumidoras), podem exercer o direito de escolha e participar do mercado livre de energia”, esclarece Ferreira. Até dezembro de 2023, a migração só estava disponível aos consumidores do Grupo A com demanda mínima de 500 quilowatts (kW). Em janeiro de 2024, essa restrição foi derrubada, ampliando a possibilidade de contratação e beneficiando negócios que utilizam a média ou a alta tensão, independentemente da demanda.

Ferreira destaca que, além da redução na conta de luz, a migração oferece outros benefícios, como acesso a serviços especializados em gestão de energia, flexibilidades no fornecimento e possibilidade de se optar por fontes energéticas renováveis, “atrelando essa decisão a estratégias ambientais cada vez mais demandadas por consumidores e financiadores”.

Para fazer a mudança, é necessário realizar um procedimento conhecido como “denúncia de contrato”. Basicamente, trata-se do processo em que o consumidor informa, previamente, a distribuidora sobre a decisão de migrar para o mercado livre. No entanto, a alteração só começa a vigorar seis meses depois em função do cumprimento do contrato atual.

Outra questão importante é escolher a empresa que vai fornecer a energia elétrica no âmbito do mercado livre. Ferreira orienta que o consumidor deve estar atento às condições do novo contrato, sobretudo a aspectos como flexibilidade de fornecimento (para entender o que acontece caso o consumo seja superior ou inferior ao contratado), prazos, fatores de reajuste e encargos incidentes.

Redução de custos sem investimento

O sócio-fundador da Lead Energy, Raphael Ruffato, ressalta que o empresário que deseja migrar para o mercado livre não tem custo para fazer essa migração. “O consumidor consegue ter uma energia muito mais em conta pelo fato de fazer apenas uma alteração contratual. Não é preciso fazer investimento nenhum”.

A Lead Energy é uma das empresas que atua no mercado livre e apenas com fontes de energia renováveis, como a eólica, solar e biomassa. “Na Lead, se o consumidor travar uma tarifa de energia para os próximos três anos, a energia vai ser de fonte verde e só vai ser atualizada conforme a inflação”, frisa. A possibilidade de contar com matriz energética mais sustentável é um dos atrativos para organizações que, além da eficiência financeira, querem reduzir o impacto ambiental.

Para facilitar a adesão ao mercado livre, a Lead desenvolveu um sistema para automatizar o cálculo de projeção da economia gerada, recurso que está online no site da empresa. A contratação também pode ser feita pelo canal digital.