A pandemia é o período mais crítico vivido por empresas que estão há décadas no mercado, sobretudo as que atuam nos segmentos mais impactados. Capacidade de adaptação e inovação têm garantido a sobrevivência desses negócios.

Inaugurada em 1872 e instalada no centro da cidade de São Paulo, nas proximidades da Catedral da Sé, a Padaria Santa Tereza é a mais antiga do País e mantém suas atividades há quase 150 anos, desde um período em que o Brasil ainda era um império. A Proclamação da República só aconteceria quase duas décadas depois da fundação do estabelecimento, que prosperou apesar das instabilidades econômicas, políticas e sociais que impactaram o mundo desde então.

Para a atual gestão do negócio, que administra a padaria há mais de 25 anos, nenhum período foi tão crítico para as operações quanto o atual. A pandemia reduziu a circulação de frequentadores, que girava entre três mil e quatro mil pessoas por dia, para cerca de 300 nos momentos mais severos da crise. A sócia-proprietária da Santa Tereza, Natália Maturana de Almeida, diz que diminuiu o quadro de funcionários de 110 para 50.

Ela ainda era uma criança quando o avô comprou a padaria, em 1995. Foi um investimento arriscado, avaliou o pai dela à época, porque o local estava bastante ultrapassado, dependendo de reformas e melhorias para modernizar não somente a estrutura e equipamentos, mas também seu próprio gerenciamento, com o aprimoramento do cardápio e dos serviços oferecidos, por exemplo. “Meu avô era apaixonado pela Padaria Santa Tereza”, justifica.

“Meu pai começou a reforma de dentro para fora. De 1995 a 1999 fez reformas internas e em 1999 reformou a estrutura lá embaixo, de frente de loja”. Aos poucos, a padaria deixava as crises do passado para trás e consolidava sua renovação, sem abdicar da tradição, marca indissociável do negócio.

Em 2006, uma nova obra transformou o piso superior do estabelecimento em um restaurante, viabilizando novas oportunidades de negócios, como os serviços de alimentação no almoço e no happy hour. “Fizemos o projeto remetendo à memória, recordações e ao centro histórico de São Paulo”, lembra Almeida. O cuidado em preservar o valor histórico do negócio não se reflete apenas na arquitetura. A Padaria Santa Tereza ainda serve dois de seus produtos mais tradicionais, mantendo a mesma receita centenária: a coxa creme e a canja.

“Meu avô, que já é falecido, diria que nós estamos vivendo momentos de guerra”, comenta a proprietária sobre o período atual. “Desde o começo da pandemia, meu pai não vem mais para cá, nem tanto por conta de se cuidar, mais por desespero”. O diferencial competitivo da padaria era o grande movimento de pessoas que circulavam pela região central da capital paulista e frequentavam o Fórum João Mendes, onde funciona o Tribunal de Justiça de São Paulo, próximo ao estabelecimento. Com a crise sanitária, a presença constante de clientes no estabelecimento reduziu drasticamente.

Quando a pandemia chegou, o modelo de negócio da Santa Tereza já tinha evoluído, inclusive em relação aos serviços de entrega. A diferença é que a padaria, normalmente, atendia o mercado corporativo para realização de eventos. Essa foi outra frente de atuação do negócio impactada pela crise.

Com o avanço da vacinação, Almeida já projeta um aumento no movimento da padaria no terceiro trimestre deste ano, embora em volume ainda inferior ao que havia antes da pandemia. “As empresas que sobreviverem a esse período vão conseguir se adequar ao novo cenário”. Esse processo de adequação já foi iniciado pela Santa Tereza. Por isso, a expectativa para o futuro é positiva: “Eu acredito que o pós-pandemia vai ser melhor”.

Credibilidade e foco no cliente

A Experimento Intercâmbio foi fundada no Brasil em 1964, como membro brasileiro da The Federation of the Experiment in International Living (EIL), a primeira organização mundial a promover programas de educação experimental através do aprendizado internacional, constituída em 1932.

Com 56 anos de mercado, “é a maior rede especializada exclusivamente em intercâmbio cultural do País”, ressalta o diretor-geral da Experimento, Roberto Vertemati. “No decorrer das mais de cinco décadas, a Experimento ampliou seu portfólio de produtos e sua presença geográfica no Brasil”, contextualiza.

A marca abriu sua primeira loja franqueada em 1998, ano em que renovou sua identidade visual e lançou novos programas de intercâmbio. Quando completou 50 anos de atuação no Brasil, em 2014, a rede colhia os frutos da expansão iniciada no final dos anos 1990. Entre 2010 e 2014, foi eleita a melhor empresa de intercâmbio da América Latina pela Premiação Star Awards. “Por receber cinco prêmios consecutivos, a Experimento foi condecorada de forma vitalícia”, conta Vertemati.

Em dezembro de 2016, a marca, administrada desde 1978 pela família Zocchio, foi adquirida pela CVC Corp, maior companhia do setor turístico da América Latina e que assumiu 100% do controle acionário da empresa. A transição resultou em mudanças que impulsionaram o crescimento do negócio. “A Experimento passou, pela primeira vez, a parcelar as viagens de intercâmbio em até 10 vezes sem juros e a ter um plano agressivo de abertura de lojas por todo o Brasil”, explica o diretor-geral. Hoje a marca possui 59 lojas em 17 Estados brasileiros.

Ao longo dessa trajetória, a necessidade de se reinventar nunca foi tão grande quanto no biênio 2020-2021. “Sem dúvida o maior desafio para a empresa, e para o setor de turismo como um todo, foi a pandemia”, avalia. “O turismo internacional deve retomar mais lentamente, o que afeta de forma direta o nosso negócio que envolve programas de estudo e trabalho no exterior”.

Vertemati acrescenta que “foi o momento de se reinventar, assim como, ao longo desses 56 anos, passamos por diversas transformações e evoluções”. Em 2020, a marca firmou parcerias com escolas internacionais e lançou cursos online, com professores nativos, para dar andamento aos planos de aprendizagem dos alunos.

Neste ano, a empresa lançou o programa “Experimente o Brasil”, com roteiros nacionais focados em sustentabilidade, cidadania e cultura. Além disso, incluiu Portugal como destino internacional oferecido aos clientes. “O mais importante é estarmos certos de que prestamos um serviço de qualidade e colocarmos sempre o nosso cliente no centro de todas as nossas estratégias. Isso é o que nos trouxe até aqui e, com certeza, é o que nos levará adiante”.

O diretor afirma que a inovação é determinante para que a empresa consiga superar esta fase. Segundo ele, um negócio só se mantém por tanto tempo no mercado com credibilidade, serviço de qualidade e foco total no cliente.