A diversidade nas empresas também é promovida pela integração geracional e pode trazer uma série de benefícios decorrentes da boa convivência entre trabalhadores de diferentes faixas etárias

O aumento da qualidade e da expectativa de vida tem um impacto direto sobre o mercado de trabalho. Com o envelhecimento da população e a busca constante por inovação é cada vez mais comum encontrar empresas compostas por profissionais de diferentes gerações.

A convivência entre esses trabalhadores traz benefícios para as empresas. Ao aproveitar a diversidade de conhecimentos e experiências que cada geração traz consigo, é possível criar uma equipe mais criativa, adaptável e resiliente, capaz de enfrentar os desafios do mercado com mais eficiência.

Na prática, a diversidade etária reflete o próprio mercado de consumo, lembra a diretora da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH Brasil), Sandra Gioffi. Para as empresas, é importante ter no quadro de funcionários pessoas que representem o perfil dos seus clientes.

A gerente comercial de parcerias estratégicas da Robert Half, Débora Ribeiro, acrescenta que formar equipes com profissionais de diferentes gerações favorece o processo de desenvolvimento de novos produtos e serviços, justamente porque essa prática amplia a representatividade da população e, consequentemente, dos clientes da empresa.

Conflito hierárquico

O convívio entre diferentes gerações cria um ambiente mais inclusivo e propício à transformação, que dificilmente vai acontecer se a empresa consolidar uma cultura focada em um único perfil de colaboradores. “Algumas pesquisas demonstram que ocorre até mesmo a redução de conflitos”, continua Ribeiro. “Quando há uma diversidade geracional muito grande, os conflitos são menores porque também existe toda uma questão de respeito”.

As questões mais críticas podem envolver as relações de hierarquia, aponta Gioffi. “Muitas vezes, o profissional mais velho não aceita a liderança de outro mais novo porque acha que ele é inexperiente”, comenta. É por isso que o papel da liderança precisa ser bem trabalhado pelas empresas e é importante que haja transparência nesse processo.

O papel do líder deve ser enfatizado em relação às suas contribuições e responsabilidades, sem ter a idade como um atributo de mérito ou demérito. E isso vale para a organização como um todo. Muitas vezes, os preconceitos que se baseiam em condições etárias ocorrem de forma sutil; por isso, é necessário trabalhar a questão no âmbito da cultura organizacional.

A diretora da ABRH Brasil cita que as mulheres na faixa dos 30 anos sofrem uma discriminação corriqueira em entrevistas de trabalho, quando são questionadas sobre o interesse ou não de ter filhos. Ribeiro afirma que outra percepção equivocada (e comum) sobre a idade é a que projeta o jovem como uma pessoa mais ativa e com mais energia em comparação com os mais velhos.

Cultura organizacional diversa

“O processo para promover uma diversidade geracional, como qualquer outro tipo de diversidade, é simples”, avalia Ribeiro. “O que dificulta é a questão dos tabus que precisam ser quebrados”. Para isso, é necessário disseminar uma cultura organizacional diversa e inclusiva.

Quando a noção de diversidade envolve questões geracionais, é fundamental ressaltar que a faixa etária não deve ser o parâmetro para determinar aspectos como disposição (ou energia), capacidade de liderança, produtividade, nível hierárquico, entre outros pontos que estão vinculados ao perfil de cada profissional, e não à sua idade.

Para as empresas que estão interessadas em promover maior diversidade geracional, Gioffi adverte que a mudança não ocorre do dia para a noite. “Toda a inclusão de um elemento novo na organização precisa de um tempo para maturar. Então, quando a gente fala de um processo de integração de gerações, é preciso começar a trazer para a organização esse conceito, essa explicação e enfatizar os benefícios”.

A contratação dos profissionais 50+ está aumentando, inclusive para funções de estágio. Essa é uma prática que reflete o respeito aos diferentes momentos de vida que uma pessoa vive durante a sua trajetória profissional. Quando esse público chega às empresas, há uma troca valiosa com os mais jovens, e os dois lados podem desenvolver novas competências.