Solução que evita a falta de dinheiro para pagar as contas do dia a dia, o instrumento ainda possibilita criar cenários favoráveis ao negócio, permitindo uma visão gerencial das finanças.
Apesar de parecer extremamente simples, o fluxo de caixa é uma ferramenta essencial para o controle financeiro de uma empresa, independentemente do porte ou segmento.
Segundo o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, José Eduardo Zdanowicz, trata-se de um controle utilizado para se projetar as entradas e saídas financeiras da empresa em um determinado período. “É um instrumento útil e prático de gestão financeira que estima as sobras e as faltas de recursos a partir do nível desejado de caixa ou do capital de giro líquido necessário no dia, na semana ou no mês, conforme o horizonte de planejamento financeiro da organização”.
Um fluxo de caixa diário, que pode ser feito em planilhas eletrônicas (Excel) ou em sistema integrado de gestão, deve considerar toda a movimentação financeira, em termos de recebimentos e pagamentos da empresa. Na prática, essa ferramenta torna-se uma demonstração que projeta as entradas e as saídas financeiras, em termos de receitas, despesas, investimentos e financiamentos, informando como será o saldo de caixa para o período orçado. “Assim, o administrador financeiro terá o domínio pleno dos valores que se constituirão em entradas e saídas do caixa da empresa, bem como a viabilidade de realizar futuros projetos”, comenta Zdanowicz. Na opinião do professor, assim como o coração do ser humano, o fluxo de caixa é um instrumento determinante para a saudável circulação financeira na organização.
O diretor da Projeto DSD Consultores, Francisco Barbosa Neto, esclarece que o fluxo de caixa é o único caminho para evitar a falta de dinheiro para pagar as contas do dia a dia, possibilitando criar cenários favoráveis ao negócio através de uma visão gerencial. “Como o Brasil é burocrático, com alta carga tributária e pouco acesso ao crédito, é comum o empresário ficar preocupado com as vendas e depois descobrir que o dinheiro está no estoque ou nas contas de inadimplentes. Daí a importância de se ter um controle detalhado e diário das finanças, de forma a evitar a perda de tempo e dinheiro”.
De acordo com Barbosa Neto, o fluxo de caixa não diz respeito ao lucro, e sim ao registro e ao controle de quanto, quando e em que conta o dinheiro entrou e saiu do caixa, aos saldos (caixa final, bancário e disponível). Também compara previsto x realizado e estabelece projeção para períodos futuros. “Uma das principais vantagens dessa ferramenta é que, por meio dela, conseguimos saber se temos dinheiro em caixa para saldar os compromissos assumidos nos prazos estipulados sem a necessidade de antecipar recebíveis, de recorrer a empréstimos e cheque especial, de atrasar pagamentos de fornecedores e impostos ou de vender parte do imobilizado”.
Plano de contas
Zdanowics explica que o fluxo de caixa deve estar atrelado ao plano de contas gerencial. Nesse caso, deve ser feita uma lista de itens de receitas, custos, despesas, investimentos e financiamentos por produto, linha de produtos ou unidade de negócio que será usada para a classificação e registro de entradas e saídas do fluxo de caixa da empresa, para auxiliar na conformidade de comprometimento dos recursos financeiros, de forma responsável, pois são projetados todos os valores operacionais, de investimentos e financiamentos do período. “Essa integração é fundamental para ter rapidez a fim de tomar as decisões necessárias decorrentes de defasagens de caixa para mais ou para menos, conforme as entradas e saídas financeiras”.
Para se criar um plano de contas, o professor aconselha baixar ferramentas online, disponíveis na internet. Segundo ele, também há programas específicos para se criar um plano de contas gerencial. “Contudo, utilizando-se uma planilha Excel (ou similar) já se consegue criar um plano de contas gerencial. O ideal é ter uma projeção diária e manter atualizados os possíveis itens que possam apresentar variações, em termos de entradas e saídas financeiras para o período considerado”, orienta.
Texto: Danielle Ruas