Com desafios como mudanças climáticas e novas demandas sociais, organizações que se adaptarem rapidamente terão uma vantagem no cenário competitivo e incerto que define o futuro dos negócios
As empresas estão diante de intensas transformações, que exigem uma avaliação cuidadosa das perspectivas para 2025. Antecipar-se às tendências é o caminho para ajustar as operações, aproveitar oportunidades e superar desafios.
“2025 é um tempo de virada: a força de trabalho mudou, o cenário global mudou e as oportunidades de negócio agora têm outro espectro”, enfatiza a futurista global da W Futurismo, Jaqueline Weigel. “Precisamos sair do modo padrão de responder a demandas apenas e começar a explorar novas realidades possíveis e como podemos integrar curto e longo prazo”, explica.
Segundo ela, temas como inteligência artificial, sustentabilidade, transformação digital, hiperconectividade, economia personalizada, economia de impacto e ativismo corporativo afetarão transversalmente todos os negócios. “Empresas que apenas visam o lucro e acreditam que podem oferecer qualquer produto de qualquer forma para satisfazer acionistas não prosperarão no século 21”, avisa.
“Hoje, reputação e marca valem mais do que tempo de existência. Empresas podem sofrer boicotes e perder participação de mercado de um dia para o outro”, afirma. Ela aponta riscos como greenwashing, pressão regulatória e necessidade de investimento em adaptação e inovação. Por outro lado, há oportunidades em inovação, fidelização de clientes, diferenciação no mercado e atração de talentos das gerações Z e millennials, que desejam trabalhar em empresas com propósito.
A especialista defende que os líderes precisam ser verdadeiramente empáticos, cuidar do bem-estar dos colaboradores e promover confiança. “Liderança é a arte de influenciar pessoas. Se não for com entendimento sobre o que move humanos em uma direção, não funciona como se deseja”. Além disso, líderes devem ser adaptativos, promover diversidade, fomentar a inovação contínua e ter um mindset antecipatório.
Weigel sugere às empresas irem além do planejamento estratégico tradicional e incorporarem o foresight, competência de explorar cenários futuros e integrá-los à estratégia atual. “As organizações precisam de uma visão de futuro robusta para realmente engajar todas as pessoas no dia a dia do trabalho”. A futurista também aponta 15 tendências decisivas para a competitividade das.
Resiliência e sustentabilidade
Num cenário global cada vez mais instável, “resiliência” será a palavra-chave para as empresas em 2025, alega o professor e diretor do Núcleo de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral, Heiko Spitzeck. Ele alerta que as empresas precisam se preparar para turbulências políticas, conflitos crescentes e impactos mais intensos das mudanças climáticas.
“A política americana vai ficar agitada, independentemente de quem ganhe as eleições. As guerras vão continuar e, potencialmente, aumentar de tamanho. E as mudanças climáticas vão se impor com cada vez mais brutalidade”, observa Spitzeck. Nesse contexto, é crucial que as empresas tenham planos A, B e C, especialmente no fornecimento de insumos. “Onde eu compro se a colheita de meus fornecedores se foi por enchente, queimadas ou guerras?”, questiona.
O grande risco para as empresas vem das mudanças climáticas, que podem levar a alterações regulatórias. “Com a COP30 em Belém, o governo vai apertar a legislação”, projeta. “Incêndios, secas e enchentes vão criar problemas operacionais, logísticos e de fornecimento. E empresas que emitem muito vão ser atacadas pela reputação”.
Nesse sentido, as diretorias de sustentabilidade precisarão demonstrar claramente o impacto positivo de suas iniciativas. “Num cenário de resiliência, cada gasto precisa ser justificado. Iniciativas que não agregam valor ao negócio não vão receber recursos”.
Quanto à liderança, haverá demanda por líderes que compreendam o impacto dos temas ESG nos negócios. “Desastres climáticos e guerras vão provocar sentimentos de empatia e compaixão. Líderes que entendem melhor como essas temáticas influenciam o negócio vão ter demanda alta”, diz.
Diante desses desafios, Spitzeck oferece três dicas práticas:
- Revise seu portfólio de ações de sustentabilidade: foque nas que geram alto impacto e valor para o negócio;
- Pense fora da caixa: temas como mudanças climáticas e resíduos não são problemas exclusivos de uma empresa. Colabore com outras organizações para soluções mais efetivas e custos compartilhados;
- Antecipe-se às tendências: com a COP30 e maior pressão regulatória, seus clientes demandarão mais ações contra as mudanças climáticas. Se sua empresa tiver a solução, estará um passo à frente.
IA Generativa e a capacidade de reinvenção
Além da resiliência, as empresas enfrentam o desafio contínuo de se reinventarem. Em 2025, essa necessidade será ainda mais urgente devido à acelerada evolução tecnológica. A inteligência artificial (IA) Generativa destaca-se nesse cenário por seu potencial de impactar todos os aspectos de uma organização, desde processos internos até a interação com clientes e a gestão de talentos.
A consultoria global Accenture prevê que, nos próximos meses, haverá um aumento significativo no número de empresas que adotam a IA Generativa como catalisadora de sua reinvenção. O investimento nessa tecnologia reflete a necessidade de rápida adaptação.
De acordo com a Accenture, a taxa de mudanças que afetam os negócios aumentou 183% nos últimos quatro anos. Em resposta a esse cenário instável, 83% das organizações aceleraram suas transformações desde 2023 e a disrupção dos negócios cresce aproximadamente 33% a cada ano.
O estudo classifica 9% das empresas como “reinventoras”, aquelas que já alcançaram alta capacidade de reinvenção contínua, colocando a tecnologia no centro de suas estratégias. A maioria, porém, está nos estágios iniciais dessa jornada: 81% são “transformadoras”, que avançam rumo à reinvenção, mas ainda não de forma consistente, e 10% são “otimizadoras”, que não priorizam a reinvenção.
O diferencial das empresas que conseguem se reinventar está em reconhecer a IA Generativa como uma tecnologia capaz de impactar toda a cadeia de valor, impulsionando produtividade e crescimento. Elas entendem a necessidade de integrar a IA a outras tecnologias, além de repensar processos e a gestão de talentos para se manterem competitivas no mercado em constante evolução.