Boas práticas ambientais, sociais e de governança podem ser instituídas a partir de mudanças simples e eficazes, que geram resultados sustentáveis para os negócios e a sociedade
Nos últimos anos, o universo corporativo foi dominado por um novo conceito empresarial representado pela sigla ESG, que significa Environmental, Social and Governance (em tradução livre: Ambiental, Social e Governança). O termo representa três pilares essenciais que envolvem uma série de práticas usadas para avaliar o desempenho e o impacto sustentável de uma organização.
Segundo o CEO do ESG Pro Brasil, Mateus Ferrareto, os princípios ESG estão ao alcance de qualquer empresa, inclusive as de pequeno e médio porte. Dar o primeiro passo nessa trajetória não precisa ser algo complexo.
“Muitos empresários contratam consultorias especializadas e caras para auxiliar na implementação sem se darem conta de que algumas ações e medidas simples já integram o conceito de ESG”, destaca Ferrareto, que também é conselheiro da UnescoSost-Transcriativa (base de sustentabilidade e criatividade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – Unesco – no Brasil).
Ferrareto cita como exemplo a troca de copos de plástico por garrafinhas ou copos de vidro, uma mudança básica alinhada ao pilar ambiental e que traz benefícios em médio prazo para o meio ambiente. Além disso, essa substituição também gera retorno financeiro para a própria empresa, com uma economia de custos estimada entre 20% e 30%.
Buscar melhor eficiência energética, ter uma conduta ética e aplicar processos seletivos baseados em diversidade e inclusão são outras práticas possíveis, independentemente do tamanho da empresa. “Para que as ações tenham continuidade, é fundamental que haja o engajamento das pessoas e que fique claro que o ESG implica uma mudança na cultura organizacional da empresa”, observa.
Visão de futuro
Quando a Gonçalves Packaging foi fundada, há mais de 85 anos, discussões sobre ESG não estavam no dia a dia das empresas ou mesmo da sociedade. Conforme essas questões foram emergindo, a empresa familiar foi se adaptando e, hoje, tem ações consistentes nas esferas ambiental, social e de governança. A trajetória da Gonçalves Packaging, que é uma organização de grande porte, revela a importância de olhar para as questões contemporâneas, buscando adaptação e sustentabilidade empresarial em longo prazo.
A companhia é a primeira indústria multinacional de embalagens gráficas do Brasil, com unidades no Brasil e no México. Atualmente, a gestão está na quarta geração, sendo liderada pela CEO Juliana Sivieri Gonçalves. Os certificados que a organização acumula demonstram o compromisso com as questões ESG.
A Gonçalves possui as certificações ISO 9001 (gestão da qualidade), ISO 14.001 (gestão ambiental) e Forest Stewardship Council (FSC, Conselho de Manejo Florestal em português), que atesta o respeito às legislações e aos critérios de sustentabilidade na exploração de matéria-prima. Além disso, é certificada como Empresa B, sistema que reconhece o modelo de negócios alinhado às boas práticas sociais e ambientais.
A gerente de Gestão Integrada da Gonçalves Packaging, Juliana Martins da Silva, afirma que as ações voltadas para os fatores ESG geram impacto abrangente para a empresa. Na cultura interna, há uma melhora no clima e no senso de pertencimento, conquistas que decorrem tanto do reconhecimento das ações ambientais quanto das questões sociais.
A empresa tem assegurado, por exemplo, a presença feminina em cargos que, antes, eram majoritariamente masculinos. Isso significa oferecer vagas para mulheres em postos como motorista de caminhão e operadora de gráfica, além das posições de liderança. Outra frente é a inclusão de pessoas com deficiência – nesse sentido, o esforço está em promover a efetiva integração, inclusive por meio de cursos de Libras para colaboradores que estão em contato constante com pessoas surdas.
O mercado também reconhece essas iniciativas, o que faz com que a empresa se destaque perante seus clientes, que são grandes companhias alinhadas às políticas ESG. “Atualmente, nós publicamos o inventário de gases do efeito estufa (GEE). Isso fica disponível para que qualquer pessoa saiba o quanto a gente gera de GEE. Nossa ideia é, nos próximos anos, fazer a compensação para zerar as emissões de carbono e de aterro”, comenta Silva sobre os próximos passos da empresa na jornada ESG.